Sobre Despedidas...

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Eu ainda lembro bem o dia que você foi embora, lembro que não me despedi, não disse Adeus ou Até Logo, apenas te deixei ir e fiquei olhando você sumir do meu olhar... Deixei você ir sem nem fazer esforço para te ver ficar e fiquei aqui esperando você voltar, toda manha te esperava na porta do amanhecer e toda noite na sombra do anoitecer e assim os dias foram passando e logo transformaram-se em semanas, e aquelas semanas de espera logo transformaram-se em meses...

Dentro desses meses enquanto esperava a tua volta pelo portão, arrumei a casa, desarrumei a vida e você nunca nem me disse "Olá". E o lugar no meu coração que ainda te pertencia me fazia sangrar todos os dias e chorar todas as noites o lugar que ainda estava reservado para você devido aquele "Adeus" que nunca pude dizer... E na espera arrumei a vida, rearrumei a casa e o amor continuava ali sem se renovar, parado e preso na reserva que eu esqueci de desfazer, frio e gelado na dor que me permitia ser, então troquei as musicas do rádio, as companhias da vida e conheci alguém. Um alguém do sorriso torto e olhar de conquistador, e o coração que era gelo e blindagem das amarras começou a querer se desfazer. Eu não podia mais sustentar aquele amor que era o nosso amor sozinha, era hora de abrir espaço, deixa-lo ir e me despedir... Logo eu que nunca fui muito boa com despedidas queria dessa vez dizer Adeus.

Revirei as coisas, os armários e cada canto da casa procurando o que ainda havia de você, juntei tudo num só lugar abri a porta e fui me despedindo... Deixei as lembranças irem, as magoas se curarem e a dor cicatrizar, procurei o amor mas não o encontrei ele já havia ido embora e eu não havia notado, então deixei que se fosse, que esvaziasse o coração que havia conquistado e que permitisse que outro novo amor chegasse para esquentar o gelo que ali havia. Liguei para te dizer que eu estava bem e que agora conseguia sorrir, e sorri do tempo que perdi olhando pro vazio, dei-te aquele Adeus que não havia dito e sorri para o sol que começava a levantar no horizonte.

O dia começava a nascer, a aurora pintava de rosa todo o seu palco e eu começava a renascer. As sombras que se formavam no chão não me assustavam mais, a solidão que me torturava já não era tão vazia. Havia um sorriso, um sorriso torto na minha mente pedindo permissão para ocupar o meu novo coração. E que ocupasse. E se precisar ir embora não irei prende-lo, mais irei me despedir como não fiz das outras vezes e viverei.